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Cristo ensinou que o homem se salva pela fé e pela ética; Swedenborg acrescentou a inteligência; Blake nos impõe três caminhos de salvação: o moral; o intelectual e o estético. Afirmou que o terceiro havia sido pregado por Cristo, já que cada parábola é um poema. Como Buda, cuja doutrina, de fato, era ignorada, condenou o ascetismo. Nos Provérbios do Inferno, lemos: "O caminho do excesso leva ao palácio da sabedoria". Em seus primeiros livros, o texto e gravura tendem a formar uma unidade. Ilustrou admiravelmente o Livro de Jó, a Comédia de Dante e as poesias de Gray. Para Blake, a beleza corresponde ao instante em que se encontram o leitor e a obra, e é uma espécie de união mística. Swinburne, Gilchrist, Chesterton, Yeats e Denis Saurat consagraram-lhe livros. William Blake é um dos homens mais extraordinários da literatura. Jorge Luis Borges Quando William Blake (1757-1827) morreu, a opinião geral era de que ele, embora brilhante, fosse louco. O veredito de Wordsworth era: "Não há dúvidas de que esse pobre homem era louco, mas há algo na loucura dele que me interessa mais que a sanidade de Lord Byron e Sir Walter Scott". Essa mesma opinião era compartilhada por Ruskin, que achou seu estilo "doente e selvagem", mas sua mente "brilhante e arguta". Na presente edição a Iluminuras escolheu duas obras-primas do "Visionário apocalíptico": O Matrimônio do Céu e do Inferno e O Livro de Thel. O Matrimônio do Céu e do Inferno consiste numa sequência de aforismos paradoxais, nos quais Blake estuda a moralidade convencional, proclamando que o homem não se reduz à dualidade alma=bem e corpo=mal, mas que o "homem não tem um corpo distinto da sua alma... energia é a substância vital e vem do corpo...". Blake relembra Milton, afirmando que este era "... um verdadeiro poeta alinhado com o demônio, sem o saber...". Ainda no Matrimônio, Blake passa por uma série de encontros com anjos e profetas e termina com uma evocação do Anjo tornado Demônio "... que é seu amigo particular; nós muitas vezes lemos a Bíblia em seu sentido infernal e diabólico...". O Livro de Thel representa a jovem Thel lamentando a transitoriedade e a mutabilidade às margens do rio de Adona; respondem-lhe o lírio, a nuvem, o verme e a terra, que lhe asseguram que quem ama o humilde aprecia mesmo o mais desprezível. Esta sabedoria relativamente convencional é desafiada no momento em que Thel visita a casa de Clay, vê os leitos dos mortos e ouve "uma voz de tristeza" sussurrar um protesto caracteristicamente blaqueano contra a hipocrisia e a repressão.
Talvez o poeta mais original da literatura inglesa, William Blake foi uma espécie de símbolo das manifestações socioculturais dos anos 1960 e 1970. Ao lado da psicologia de Carl Jung e Sigmund Freud, da filosofia e da religião orientais, das experiências da geração beat e do flower-power, via-se em sua poesia a expressão de uma nova era de Aquário, a rejeição de uma ordem mundial fundada no materialismo em detrimento da espiritualidade. Passado meio século, aquelas manifestações são história, ou adquiriram outras formas, mas a ordem mundial permanece, de ponta-cabeça, mais materialista e mais bruta. E a poesia de Blake continua instigante expressão dos valores humanos, ainda mais relevante. Visões assinala essa relevância: reúne onze livros que Blake publicou de 1789 a 1795, com os quais procura evidenciar a coerência do essencial da obra e afastar a distorcida percepção de insanidade do autor. Os poemas testemunham a formação e o amadurecimento de sua visão de mundo, num fértil período de quase sete anos, quando na casa dos trinta: aqui o leitor encontra dos poemas líricos das Canções de Inocência e Experiência até o que se convencionou chamar de "profecias menores". A partir de 1794, Blake embarcou na sequência dos poemas-profecias menores, que o prepararam para os maiores (Milton e Jerusalem, escritos e gravados quase ao mesmo tempo entre 1804 e 1820). O primeiro deles é Europa, uma Profecia, uma narrativa política, seguido de O Livro de Urizen. A Canção de Los, O Livro de Ahania e O Livro de Los, todos de 1795, compõem a "Bíblia do Inferno" prometida em O Matrimônio do Céu e do Inferno: "Possuo também A Bíblia do Inferno, que o mundo há de possuir, quer queira, quer não". O escritor Anthony Burgess disse com clareza: "A razão, na verdade, é perigosa, assim como é a ciência; se todos nós vivermos num estado de liberdade individual plena, despreocupados com as leis, confiando no poder da percepção e, num nível inferior, no instinto, alcançaremos o céu na terra, que Blake chama de Jerusalém no prefácio de Milton". Na terminologia blakeana, alcança-se a plenitude espiritual através da imaginação. "Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo se mostraria ao homem tal como é: infinito." Pouco lido e ignorado por seus contemporâneos, Blake foi "descoberto" vinte anos após sua morte, em 1827, quando impressões tipográficas dos poemas começaram a aparecer. Mas jamais foi popular, sempre foi controverso, mesmo entre outros poetas. Thomas Stearns Eliot, por exemplo, reconheceu nele uma "honestidade contra a qual o mundo inteiro conspira, porque é desagradável. A poesia de Blake tem o desagrado da grande poesia". Quase um elogio, porque, para Eliot, essa honestidade era limitada por sua falta de educação literária, o que o tornava um "ingênuo". Blake, concluiu Eliot, tinha "uma notável e original sensibilidade para a língua e a musicalidade da língua, e o dom da visão alucinada. Se estes tivessem sido controlados por um respeito pela razão impessoal, teria sido melhor para ele". Faltava a seu gênio "uma estrutura de ideias tradicionais e reconhecidas que lhe teriam impedido de entregar-se a uma filosofia própria, e assim concentrasse a atenção nos problemas do poeta. [...] A concentração resultante dessa estrutura de mitologia, teologia e filosofia é uma das razões pelas quais Dante é um clássico, e Blake apenas um poeta de gênio". Eliot falava em defesa das tradições latinas, a seu ver fundamentais para a cultura do Ocidente, ciente de que eram exatamente o que Blake rechaçava — e no entanto, dogmático, deu o veredito. Blake decerto não lhe teria dado ouvidos. "A verdade jamais será dita de modo compreensível sem que nela se creia. Suficiente! ou Demasiado."
O livro descreve detalhes interessantes e analíticos do comportamento humano, com clareza e transparência, numa combinação harmônica da psicologia e poesia. A autora trafega do sublime ao ordinário, com a mesma precisão, numa linguagem facilmente perceptível tanto as pessoas comuns quanto as elites intelectuais. Seu "back ground" como psicóloga, enriquece os poemas semanticamente, trazendo-os para um patamar de aprendizagem, no qual os leitores podem aperfeiçoar seus processos de aceitação. Além disto, através da espiritualidade constantemente aplicada nas suas narrativas em forma de poema, a autora possibilita e auxilia de forma profissional, criando uma porta aberta de cura, com resgates lúdicos e sublimadores, elementos importantes na resolução de conflitos. Neste sentido, o livro nunca falta com um senso de humor não só construtivo, mas capaz de minimizar o sofrimento, auxiliando o individuo a dirimir e filtrar a excessiva seriedade do mesmo. Digamos que existe mais de uma forma para carregarmos nossa cruz, e, neste sentido, "Lagrimas do céu e do inferno" nos oportuniza , não somente o aprendizado através da dor, quanto igualmente seu lado satírico e ridículo, uma redução das emoções negativas, dando lugar a memorias aceitáveis ou de graça inusitada. Para aqueles do campo medico, jornalístico ou artístico, este livro representa uma surpresa impactante e ao mesmo tempo prazerosa, para entender a vida de forma mais saudável e otimista, com menos fardos e mais alegria e espontaneidade na forma de compreender e aceitar ao próximo.